No dia-a-dia, referimo-nos ao conhecimento como, simultaneamente, um processo de aprendizagem e o produto desse fenómeno, isto é, o conjunto de saberes adquiridos.
O conhecimento é um processo através do qual se conhece, ou seja, é o acto cognitivo.
O conhecimento é um processo de apreensão, por parte de um sujeito cognoscente (ser que conhece), das características de um objecto (ser que é conhecido e que, no seu sentido etimológico, está ante ou opõe-se ao sujeito), podendo este ser um aspecto do sujeito (como as suas acções ou ideias) ou exterior a ele (por exemplo, os plátanos numa manhã de primavera ou um colega de trabalho). O acto de conhecer (ou acto cognitivo) é, segundo Foulquié, intencional e dependente das capacidades racionais do sujeito, exigindo a sua percepção e posterior abstracção do objecto (pois só assim ambos se tornam transcendentes, isto é, entidades separadas). Uma vez imanente (ou seja, separado) ao objecto, o sujeito pode, através da observação ou imaginação deste e reflexão (ou raciocínio) sobre as suas características, formar, na sua mente, uma imagem, uma frase ou um outro tipo de representação que defina o que conheceu. Esta conceptualização, porém, e o modo como o objecto é percepcionado não são, porém, desprovidas de um contexto cognitivo: de facto, estas dependem de marcadores socioculturais, genéticos e biológicos e de elementos da história pessoal do ser cognoscente que, como foi leccionado no ano anterior, são factores modeladores das acções de cada indivíduo e do valor que este lhes atribui.
Para a fenomenologia, o (processo de) conhecimento é a determinação do sujeito pelo objecto.
A fenomenologia, que procura descrever o conhecimento enquanto processo, esclarece que os termos «sujeito» e «objecto» só existem em função um do outro. Embora inicialmente ambos os seres sejam transcendentes, o conhecimento inicia-se com a saída do sujeito em direcção à esfera do objecto (o momento de abstracção supramencionado) e inclui um momento em que estes se tornam imanentes (o sujeito mantém-se na esfera do objecto, assimilando as suas qualidades), terminando com o retorno do ser cognoscente a si mesmo e subsequente formação de uma representação do que foi conhecido com base nas características apreendidas. Desta descrição, pode concluir-se que sujeito e objecto, embora relacionados entre si, não são permutáveis, visto que o segundo, possuindo um papel passivo (apenas deixa conhecer), se mantém constante, antes e após o processo, e que o primeiro, que procura conhecer (é activo), é mudado (adquire novas ideias pelo conhecimento do objecto e pela formação da sua representação mental) pelo objecto. Assim se explica que, para a fenomenologia, o conhecimento consista na determinação (alteração) do sujeito cognoscente pelo objecto que conhece.
O conhecimento é o produto do acto cognitivo.
O termo «conhecimento» pode, também, ser usado para descrever o que resulta do acto de conhecer e que, como explicado acima, não é mais que um conjunto de imagens, conceitos e outras representações (como o explica a fenomenologia) que um sujeito cognoscente por apreensão das qualidades de um objecto e que, de acordo com a psicologia, está dependente do contexto em que o acto cognitivo se desenrola.
Sem comentários:
Enviar um comentário