11 de junho de 2011

As dimensões social e pessoal da religião

A religião é, à semelhança da Ciência ou da Filosofia, um conjunto de doutrinas que explicam o mundo que nos rodeia. Mas, para além desta função explicativa, a religião desempenha um relevante papel na relação do ser humano com os seus semelhantes (dimensão social) e consigo mesmo (dimensão pessoal).

A religião tem uma dimensão social porque regula as interacções humanas.
À semelhança da ética, também a religião, recorrendo a dogmas, pondera sobre a forma de agir para alcançar a felicidade (a «vida boa») e responde a esta questão elaborando um código moral que deve ser observado na conduta humana e incentivando ao seu cumprimento através da disseminação da ideia de que os que agem em conformidade com ele serão salvos e os restantes condenados a castigos terríveis. Assim, exerce uma função normativa sobre o ser humano, impelindo-o a comportar-se em relação aos outros da forma considerada correcta (= regula a interacção humana).
Por outro lado, visto ter, associados a si, numerosos ritos, como festas, sacrifícios, peregrinações, etc., nos quais intervêm tanto crentes como não-religiosos, podem contribuir para uma aproximação dos membros de uma comunidade, tendo, por isso, uma função de coesão social.

A religião adquire uma dimensão pessoal para um indivíduo quando este tem uma experiência religiosa.
A experiência religiosa é algo que é sofrido pelo agente, sendo, nessa medida, um mero acontecimento. Tal pode ser provocado pela percepção de um indivíduo da efemeridade da vida (provoca uma sensação de finitude e obriga a enfrentar a sua mortalidade e a dos que o rodeiam) e/ou por este se aperceber de que a vida de qualquer ser é fortemente influenciada por factores exteriores a si e, portanto, nenhum ser é senhor da sua existência (contingência). Estas realizações levam o Homem a sentir a necessidade de conforto, o que o aproxima da religião, já que o que é considerado sagrado (um deus, por exemplo) assegura protecção aos que se mostrarem crentes.
A partir deste momento de epifania, o indivíduo desperta para a ideia de transcendência, isto é, para a ideia de que a nossa existência é algo de profundo, complexo e intrincado que nunca poderá ser compreendido totalmente por nós. Tornando-se crente, a religião passa a ter um papel essencial na sua vida, já que vai servir-se desta como apoio psicológico e como fonte de inspiração para o desenvolvimento da sua personalidade moral.

1 comentário:

Anónimo disse...

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH