11 de junho de 2011

As éticas kantiana e de Jonas

Com base nos textos lidos na aula, distinguimos os pontos fundamentais da ética defendida por dois filósofos alemães distintos: Immanuel Kant e Hans Jonas.

A ética kantiana é deontológica e intencionalista.
Kant (século XVIII) acreditava que, uma vez que todo o ser humano é um ser racional, se todos os homens pensarem de forma lógica, chegarão às mesmas conclusões. Esta aplicação da razão prática (= razão aplicada às problemáticas do agir) criaria uma «lei moral», isto é, um código de conduta que seria aplicável a uma escala universal.
Para vivermos bem, devemos executar acções «boas», o que para este filósofo significa cumprir a «lei moral», ou seja, agir de forma a que a nossa conduta possa ler vista como um padrão para a Humanidade. Obedecer à «lei moral» deve (note-se o verbo «dever»: a ética kantiana é deontológica porque é relativa aos deveres) ser, por isso, o que desejamos fazer através de todas as nossas acções: para Kant, não é o fim alcançado que é relevante para a classificação da acção como boa ou má (contrariamente ao que verificamos na ética teleológica), mas a intenção do agente (é uma ética intencionalista). O céu estrelado sobre mim, a lei moral em mim, escreveu Kant, explicando que a razão (céu estrelado) o guia e que a lei moral está presente nas suas acções.
Sobre nós, o filósofo alemão terá dito que se conhecem três níveis de humanidade: a animalidade, estádio alcançado pelos indivíduos cuja vida se reduz a satisfazer os instintos primários; a individualidade, característica de quem já possui um certo poder racional; e a personalidade, que pertence aos seres com consciência de si e dos outros e que possuem um carácter moral.

A ética de Jonas é consequencialista.
Hans Jonas viveu durante o século XX, período de revolução nas ciências no qual o Homem se apercebeu de que a tecnologia por ele desenvolvida e a vida por ele levada tem um impacto (negativo) sobre o nosso planeta e a sua biosfera. Como tal, a ética por ele desenvolvida centra-se nas consequências (ética consequencialista) da acção humana sobre a Natureza e sobre a Humanidade: o bem é, para si, tudo o que salvaguardar a existência de vida genuína (isto é, não manipulada pelo Homem).
Segundo o filósofo, uma acção tem valor moral quando obedece à obrigação que o agente tem para com os que a acção afecta (seja essa obrigação a de preservar o meio ambiente ou a vida dos passageiros de um automóvel) e este assume a sua responsabilidade pelo seu bem-estar e pelas consequências da sua acção. A palavra chave? Responsabilidade.

Vivemos num mundo cada vez mais preocupado com o impacto ambiental da tecnologia desenvolvida pelo Homem: falamos do aquecimento global, da ilha de lixo do Pacífico, dos derrames petrolíferos... Por este motivo, a ética de Jonas, que apela à preservação do nosso mundo de hoje para as gerações futuras, é mais actual que a de Kant, que viveu numa época em que a defesa do ambiente não contava, decerto, da lista de preocupações do ser humano.

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