«Tu» é o indivíduo que conhecemos. Precisamente porque o Homem é um ser essencialmente social, a ética intervém nas relações entre seres humanos, já que a manutenção destas é algo tão importantes para o alcance da vida boa: como afirma Savater, um «vínculo de respeito e amizade» entre seres humanos é «o mais precioso de quanto existe no mundo». Assim, visto que a ética desempenha um papel relevante na interacção humana, podemos dizer que esta tem uma dimensão social.
Tratar o outro humanamente ou como pessoa significa pôr-se no seu lugar.
Para que tratemos alguém como pessoa é necessário reconhecê-lo como nosso semelhante. Por outras palavras, tratar os que me rodeiam humanamente consiste em admitir que tanto o «tu» como o «ele» são, como eu, pessoas. E como o fazemos? Pondo-nos no seu lugar, isto é, adoptando o seu ponto de vista e procurando perceber como se sentem: é necessário ouvir, respeitar e tentar compreender. Só assim, segundo Savater, nos aperceberemos de que estas entidades são tão reais e tão humanas como nós e poderemos estabelecer com elas um «vínculo de respeito e amizade».
Que os que nos rodeiam e interagem connosco se ponham no nosso lugar é, segundo o filósofo, um direito humano.
Quando me ponho no lugar do outro, respeito a sua dignidade.
Sendo eu uma pessoa, sou dotada de dignidade humana, portanto, ao encarar o outro como meu semelhante (objectivo que atinjo quando me ponho no seu lugar), estou, também, a reconhecer a sua dignidade, isto é, a admitir que este (1) é livre e, portanto, pode actuar de acordo com a sua consciência moral, (2) é singular, ou seja não à ninguém igual a si, e (3) tem a capacidade de se modelar a si próprio e construir a sua personalidade como lhe aprouver.
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