8 de dezembro de 2011

A arte da retórica

O discurso argumentativo consiste na verbalização de uma opinião e das razões pelas quais se a defende, com a finalidade de persuadir o receptor a aderir à ideia exposta. Para Aristóteles, este objectivo só poderia ser atingido através da retórica, ou lógica argumentativa, que o filósofo considerava uma arte cujo domínio requeria o aperfeiçoamento de técnicas de persuasão, separadas em dois campos: independentes do orador e dependentes deste.

A. Meios independentes do orador
Factos, dados científicos, leis, testemunhas e outros elementos não relacionados com o discursante, apesar de independentes deste, podem ser utilizados por si para persuadir a sua audiência de que a tese que defende é a correcta.

B. Meios dependentes do orador
A persuasão do público será uma tarefa fácil se o orador apresentar somente uma demonstração objectiva, mas, quando se trata de uma argumentação de cariz subjectivo, sendo as premissas plausíveis, as conclusões são discutíveis, pelo que o este é obrigado a recorrer a outras estratégias persuasivas para se credibilizar e às suas palavras. Aristóteles distingue três meios de persuasão dependentes do orador:
Logos refere-se ao discurso propriamente dito, sendo uma estratégia através da qual, pela construção de um texto brilhante, mas inteligível e natural, convincente, expressivo, ritmado e interpretado pelo orador de forma expressiva, o público se deixa deleitar (delectare) e  influenciar (docere, ensinar) pelas ideias nele veiculadas. O discurso pode possuir, na sua estrutura, argumentos dedutivos (típicos das demonstrações e criados em conformidade com a lógica formal), é mais vulgar serem usados argumentos não-dedutivos ou informais: indutivos (nos quais se parte das características da amostra para retirar conclusões sobre todo o universo em estudo, como é o caso do argumento com base em exemplos, que contém, muitas vezes, um contra-exemplo que funciona como momento de concessão), analógicos (nos quais, por comparação entre A e B, se retiram conclusões ou sobre A ou sobre B), com base na autoridade (nos quais a conclusão se retira com base no que alguém com um papel de relevo na matéria afirmou) ou sobre causas (nos quais se estabelece uma relação entre dois fenómenos, em que um motivou o outro).
Ethos, que se refere ao carácter do orador, é uma estratégia usada por ele para causar boa impressão no público. Ao esforçar-se por considerado uma pessoa íntegra e honesta (isto é, incapaz de adulterar informações), responsável e racional (ou seja, alguém que se responsabiliza pela resolução dos problemas apresentados) e benevolente (com compaixão), credibiliza-se, ganhando a confiança do auditório, o que contribui para o sucesso da sua apresentação; pelo contrário, um indivíduo de aparência desonesta criará rapidamente inimigos na plateia, que não só não se interessarão pelas suas opiniões como levarão os seus companheiros a discordarem dele. O ethos é, muitas vezes, cultivado, em textos escritos, nos momentos de concessão, isto é, instantes de reconhecimento da tese oposta à que é defendida e da veracidade de alguns dos argumentos que apresentam, pois estes garantem ao autor um carácter aparentemente razoável.
Pathos é uma estratégia de apelo aos sentimentos e paixões do público. Quando executada correctamente, o auditório identifica-se com as emoções evocadas pelas imagens metafóricas construídas pelo orador ou pelas histórias (geralmente tragédias) por ele recontadas é cumprido o objectivo de movere (comover).

1 comentário:

calistoqin disse...

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