Como ser racional, o Homem está predisposto para pensar relacionando os juízos por si formados acerca do que o rodeia recorrendo a princípios lógicos. Assim, as ideias um indivíduo só podem ser provadas pela verbalização dos raciocínios que as originaram, ou seja, através da demonstração ou da argumentação.
As demonstrações obedecem à lógica formal.
Numa demonstração, é utilizada a dedução, um tipo que raciocínio que, como estudado no âmbito da lógica aristotélica, é constrigente, ou seja, garante que a conclusão obtida é obrigatoriamente a que se pode extrair a partir das premissas nele expostas. Esta propriedade, que implica que, partindo de premissas em conformidade com a realidade (verdadeiras) e raciocinando de acordo com a lógica formal, tal como se faz pela via demonstrativa, se constrói uma conclusão verdadeira aplicável universalmente ao objecto de estudo das restantes proposições, está na génese da dualidade de valor (isto é, bivalência) dos argumentos dedutivos, aos quais só poderá ser atribuído ou o valor de verdade ou o de falsidade. Devido à inexistência de um meio-termo ou outra alternativa de classificação destes raciocínios, não há espaço para a discórdia, não se criando, por isso, um debate: diz-se, pois, que o método demonstrativo é um monólogo.
As argumentações obedecem à lógica informal.
Sempre que possível, recorremos à demonstração para provar as nossas ideias. Porém, em dimensões da vida humana como a ética, a religião e a economia, por exemplo, não podendo enunciar-se proposições universalmente tidas como verdadeiras devido a divergências socioculturais, a lógica dedutiva não basta. Assim, para formar as suas opiniões, o Homem recorre a um tipo de lógica informal (isto é, mais flexível, ao invés de constringente), através da qual, podendo extrair-se várias conclusões razoáveis das premissas (plausíveis, não necessariamente verdadeiras) de que se dispõe, escolhe acreditar numa só. A sua defesa é feita através da argumentação, que, visto tratar de convicções e não verdades inquestionáveis, se torna polivalente (admite vários valores de plausibilidade), incitando à busca dialógica (= através do diálogo) de uma conclusão mais provável.
A demonstração faz parte do método das ciências exactas, enquanto a argumentação é característica das ciências humanas.
De um modo geral, pode dizer-se que a demonstração, visto, de acordo com a lógica formal, não poder ser usada com subjectividade, adquire um carácter impessoal e, como tal, universal, transcultural e intemporal, tornando-se, assim, o método de comprovação de eleição das ciências exactas, caracterizadas pela sua objectividade. Já no domínio das ciências humanas, como a psicologia, sociologia, antropologia, etc., em que as emoções humanas possuem um papel de relevo, as ideias adquirem um carácter pessoal, pois variam conforme a vivência do indivíduo que as expressa, de marcadores genéticos e do ambiente sociocultural em que este se desenvolve, só podendo ser defendidas através da aplicação da lógica informal na construção de um texto argumentativo.
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